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Seletividade Alimentar em Crianças Autistas: Nossa História

Seletividade alimentar em crianças autistas/ Seletividade alimentar em crianças com tea

A seletividade alimentar foi um dos primeiros desafios que enfrentamos quando meu filho começou a desenvolver preferências por certos alimentos. Eu sei o quanto pode ser frustrante ver seu filho recusar o que você preparou com carinho, mas o mais importante é entender que, para muitas crianças autistas, essa seletividade vai além de uma simples “birra”. Ela pode estar relacionada a questões sensoriais e até ao comportamento repetitivo, típicos do espectro autista.

Entendendo a Seletividade Alimentar

Meu primeiro passo foi entender que as dificuldades alimentares estavam ligadas a características sensoriais. A textura dos alimentos, a temperatura ou até mesmo o cheiro podem ser desconfortáveis para uma criança autista. No caso do meu filho, percebi que ele evitava alimentos com texturas muito crocantes ou pegajosas. Isso me ajudou a ajustar as refeições de forma mais suave, sem forçá-lo a comer o que ele claramente não gostava.

Importância do Acompanhamento Nutricional

Uma etapa fundamental para lidar com a seletividade alimentar foi buscar o apoio de um nutricionista especializado em autismo. Esse profissional trouxe uma visão mais aprofundada sobre como garantir que meu filho tivesse todos os nutrientes necessários, mesmo com suas limitações alimentares. O nutricionista nos ajudou a introduzir novos alimentos de forma gradual e segura, sempre respeitando as sensibilidades sensoriais. Esse acompanhamento especializado foi um apoio para que ele tivesse uma alimentação equilibrada sem forçar o consumo de alimentos que gerassem desconforto.

Criando uma Rotina Alimentar Segura

Algo que funcionou muito bem foi criar uma rotina visual para as refeições, semelhante à que usei na alfabetização. Ele sabia exatamente o que esperar e quando esperar, e isso contribuía para diminuir sua ansiedade em relação à comida. Também mantínhamos consistência nos horários e no ambiente, para que ele pudesse se sentir mais confortável e seguro durante as refeições.

Apoio da Rede de Cuidados

Foi essencial que toda a rede de apoio ao redor dele estivesse comprometida com essa jornada. Na escola, os professores ajudaram a manter as refeições em um ambiente familiar e tranquilo. Na casa dos avós, todos estavam cientes da necessidade de seguir as mesmas estratégias que usávamos em casa, sem tentar forçar alimentos novos de forma abrupta. Esse comprometimento da família e da escola ajudou a criar um ambiente consistente, o que reduziu a ansiedade e facilitou a introdução gradual de novos alimentos.

Introdução Gradual de Novos Alimentos

Introduzir novos alimentos é sempre um desafio, mas fizemos isso de forma gradual. Comecei incluindo pequenas porções de novos alimentos junto com aqueles que ele já gostava. Às vezes, apenas permitir que ele interagisse com o alimento — tocando, cheirando ou até apenas vendo no prato — foi suficiente para diminuir a resistência inicial. Com o tempo, ele se tornou mais receptivo a provar coisas novas, mas sempre respeitando o tempo e o ritmo dele.

Reforço Positivo e Paciência

Assim como na alfabetização, o reforço positivo foi essencial. Cada vez que ele experimentava um novo alimento, mesmo que fosse apenas uma mordida, fazíamos uma pequena celebração. Esse incentivo ajudou a reduzir a tensão ao redor das refeições e transformou o ato de comer em um momento mais tranquilo. Mas, acima de tudo, a paciência foi a chave. Levei tempo para entender que meu filho não mudaria sua dieta de uma hora para outra, e tudo bem. Respeitar o ritmo dele foi a melhor escolha que fiz.

Conclusão

Lidar com a seletividade alimentar em crianças autistas requer muita empatia e flexibilidade. Cada progresso, por menor que seja, é uma vitória, e o mais importante é criar um ambiente em que seu filho se sinta seguro e compreendido. Não existe uma fórmula mágica, mas com paciência, apoio profissional e adaptações, a alimentação pode se tornar uma jornada de descoberta, e não de frustração.

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